quinta-feira, 22 de julho de 2010

PULP




Cada um tem seu cinema perfeito. Cada referência adaptada de determinada forma ao mesmo tempo define um estilo como homenageia outros. Seja o que for falado, Quentin Tarantino é sempre coerente aos seus princípios artísticos. Seus filmes podem ter muita violência (as vezes) e podem ter coisas estranhas, mas tudo tem um motivo, em Tarantino nada é gratuito


Desde os créditos iniciais, por mais que pareça uma simples conversa, as letras lembram os faroestes, sejam os spaghetti ou os com John Wayne, os clássicos americanos dessa mesma época ou os italianos de terror, alem do que mais define a arte de Tarantino.: a cultura popular americana. Hugo Stiglitz nos mostra isso logo em sua apresentação em Bastardos Inglórios e John Travolta...só por estar la. Todos os Big Kahuna Burgers não nos deixam mentir aqui...

Suas citações são claras até certo ponto, e elas inclusive fazem questão de serem assim. Lucy Liu fazendo jorrar sangue da cabeça cortada de seu ‘’sócio’’, a suástica cravada em uma floresta deserta, a loira líder de torcida em seu mini uniforme amarelo , em mangá o os tiros nas pernas por debaixo da cama, as encaradas e planos longos dos pés, seus duelos (sejam japoneses sejam italianos) a morte repetida em câmera lenta e as lutas em preto e branco, o conteúdo não revelado da mala de Pulp Ficiton, a Noiva surrada na igreja.. tudo ou é alguma outra coisa revisada ou é criada apartir disso, o trash pode ser deixado de lado até certo ponto (o suficiente para fazer filmes melhores em muitos aspectos que os de seus ídolos) e sua linguagem é estabelecida e reforçada a cada nova obra.

Vamos de duelos japoneses para tiroteios italianos em um corte, de lembranças claras mas distantes a piadas obvias e ao mesmo tempo hilárias. Seja por Sergio Leone, Kinji Fukasaku, Howard Hawks, Spielberg, Godard, Coens, Cash ou até, e melhor de todos, o próprio Tarantino. Congelamos com o assovio de Ellen no mercado de Tenessee, e somos enganados, aliviados e feitos de bobos ao se revelar toque de Rosário Dawson, A Prova de Morte. Seja com a teoria da virgem Madona ou de seu licor favorito, Quentin esta la lembrando a todos nós da grande brincadeira que tudo é.





Ainda assim, o cinema é coisa séria. Dando medo com um carro assassino, metralhando Hitler, recitando o Ezekiel 25-17. Ou seja, há o plano de fundo para suas historias e tudo é filmado magistralmente, os planos estão em perfeita sintonia com as atuações, com a música com a coreografia e, principalmente, com o roteiro. Nada escapa em Pulp Ficiton (só o que você deixar) e o que escapa esta bem amarradinho em Bastardos Inglórios. Se o filme termina com ‘’essa é a minha obra prima’’ após anos de tentativas e acertos, ele sabe o que faz.


Aqui o parênteses mais importante (para mim inclusive haha). Tarantino Experience ou qualquer disco de suas trilhas sonoras fecham o pacote que é o seu cinema. Ennio Morricone já brilhou muito com Sergio Leone, e Tarantino sabe o que fazer para deixa-lo totalmente diferente mas saudoso ao mesmo tempo. Com Shoshanna refletida na suástica prestes a se pintar para a guerra e acabar com a própria, aos poucos sobe Bowie. Com o twist de Chuck Berry, o surf seja de Dick Dale ou The Tornadoes, até o disco de KC. A Experience de Quentin não tem limites, e por saber disso, dela nascem tantas coisas.

Até os créditos finais em que, após a imagem do vilão perseguidor que nunca morre ser nocauteado pelas moças perseguidas, um corte seco e um The End. ‘’Tarantino é uma puta!” e aplausos. Musica psicodélica e flahs de mulheres do mesmo nível, a líder de torcida em seu mini uniforme amarelo e os cabelos loiros de óculos escuros. Ainda as muitas subliminaridades de Tarantinos Mind e de seus intermináveis delírios cinematográficos






gabriel