quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Blue Valentine

É sempre a mesma coisa, l’amour fou. As histórias são tão bonitas no começo, é tudo tão simples que a gente (quase) acredita. Mas em Blue Valentine, esse começo foi tão azul, que a verdade que a gente vê torna-se tão liquida, que as mãos que seguram, deixam tudo ir embora. E tudo, tudo vai embora. Nada fica.

Blue Valentine embora seja uma história melancólica sobre amor, é também uma crônica sobre responsabilidade. No começo era a responsabilidade de um relacionamento sério, largar tudo e mostrar que mesmo assim, aquele namoro era algo sério. Depois vem uma gravidez, e mais uma vez, para ser responsável, o casamento. Anos depois, com a filha um pouco mais velha, de novo, a responsabilidade de dar um lar estruturado para a menina. Tenho por mim, que foi isso o grande defeito dos dois.

Ainda fico na dúvida, se o coração dos dois, já estava quebrado, ou eles foram quebrando aos poucos. Provável que encontraram um no outro, uma tentativa de salvação. Era como se embora o coração estivesse estilhaçado, juntos Dean e Cindy, aqueles pedaços faziam sentido. E sem ser bobo, parecia de verdade fazer sentido. Como se houvesse alguma luz (mesmo que azulada) no meio de tanta dor.

A música deles falava, “you and me, nobody baby but you and me”. Eu não sei por que, mas durante muitos minutos, eu acreditei neles. Eu acreditei de verdade que aquilo fosse da certo, mesmo com toda a tela azul, e sabendo que a verdade deles era quem nem água. Eu (mais uma vez) acreditei no l’amour fou. Mesmo não precisando, mesmo o Dean cantanto “you always hurt the one you love”, eu acreditei.

E o bom do filme é isso, um exercício de acreditar, mesmo que no final, todos machucam, e se machucam. Mas mesmo assim, a gente ainda acredita. E de fundo a vitrola tocando um misto de you and me, com you Always hurt the one you love.