quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Mal Amados


''O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de ida
de, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.


O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.


O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. ''

João Cabral



E o que resta para o despedaçado Joaquim é ouvir os Nostálgicos e Fantosiosos, na estrada chei
a de pedregulhos de João Cabral, com a esperança do pequeno garoto atrás de sua giganta nos sonhos de Fellini.

gabriel,

Um comentário:

  1. Amor! Que porra é essa? Ando muito desiludido com isso nos últimos tempos. Esse ano, no iniciozinho, o que era pra ser o momento da minha vida tornou-se uma grande decepção. Início do ano letivo, ela se aproximava como um anjo, passos leves, meio sorriso... Foi assim que conheci Brenda, ela veio em minha direção para pedir uma informação, e desde então acabou – ou salvou, não sei – a minha vida. Me aproximei dela, o carinho pelo outro foi crescendo, até o dia em que realmente tive coragem e disse: É hoje! – Me estresso, nessa porra. – Bê, é o seguinte. Desde que você entrou na minha vida algo estranho vem acontecendo... – Falei tudo o que um idiota apaixonado fala, e por fim – Decidi falar contigo, porque me dei conta de que contigo quero mais que uma amizade, quero um amor fugaz, que me enlouqueça e me faça sentir tudo de bom que uma paixão adolescente traz. Ela olhou pra mim e disse: É o seguinte Sul, espero que você não fique magoado, mas não vai dá não. Eu, com a cara mais lavada: Por quê? Eu não sou bom o suficiente pra você? Ela, tentando amenizar a situação: Não Sul, não é isso, o fato é que você é extremamente maravilhoso, tão maravilhoso que eu não posso cometer o erro de envolver algo sexual entre nós, porque eu sei que quando acabar, nós iremos nos afastar e eu não quero isso. Você é uma pessoa que eu penso em manter contato pra o resto da vida. --‘Sei. Deveria ter dito algo como: Bê, é o seguinte, desde que eu te vi não paro de pensar em seu quadril um único instante. Várias vezes por dia imagino diversas orgias sexuais contigo. Você é diferente, pois sinto algo bem mais forte quando te vejo. O papo é o seguinte, quero entrar em você e residir ai dentro. Sabes quantas vezes por dia eu me masturbo pensando em você? Cinco! Você deve pensar “Nossa, como esse menino tem tempo ocioso”, mas não, é que você realmente aguça minha libido como ninguém nunca antes... Talvez assim ela tivesse relevado e quisesse algo mais assexuado comigo.
    Mas, por incrível que pareça hoje estamos bem, finjo que já não sinto nada sexual por ela, e vamos levando uma relação de irmandade. Já combinamos até o nosso futuro – coisa de prego. – Quando lançar o meu primeiro livro, nós vamos beber vodca até o céu cair em nossas cabeças, e tal. Hoje também, me dou conta de que quero manter realmente contato com ela pra o resto da vida. Essa obsessão sexual deve ser apenas um desejo não consumado, que a partir do momento que se consumasse acabaria. Como ela mesma diz: Amor?! Essa porra é psicológica.

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